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Brasil teve 17 ataques a escolas nos últimos quatro anos

Foto/Imagem: Foto: Group Publishing

Câmera de segurança instalada na sala de aula

Pesquisa do Sou da Paz revela que, no total, houve 24 casos, com 45 mortes e outras 137 pessoas feridas

O Instituto Sou da Paz divulgou mapeamento inédito em que mostra o maior potencial destrutivo de armas de fogo, mais acessíveis após flexibilização das regras em 2019. Segundo o estudo, houve 24 ataques a escolas desde 2002, quando foi registrado o primeiro caso do tipo no Brasil. As ocorrências vitimaram fatalmente 45 pessoas, e deixaram outras 137 feridas. 

Conforme o estudo, em relação ao período dos atentados, o Sou da Paz revela aumento dos casos após 2019. Foram sete ataques entre 2002 e 2019 e 17 nos últimos quatro anos. Ainda, houve seis ocorrências do tipo somente nos quatro primeiros meses de 2023, número igual ao registrado em 2022 inteiro.

O levantamento revela que em 11 desses casos as armas usadas foram revólveres e pistolas, que causaram a morte de 34 pessoas, ou 76% dos casos. Os números são três vezes maiores do que as ocorrências com uso de armas brancas, como, por exemplo, facas, punhais e similares, que aparecem em dez das ocorrências, com a morte de 11 pessoas, ou 24% do total nos ataques a estabelecimentos escolares.  

Ainda conforme o mapeamento, o revólver calibre 38 foi a arma mais usada nos crimes e também a mais comercializada no País. Esse tipo de armamento esteve envolvido em 53% dos ataques. Outras armas de fogo utilizadas foram pistola ponto 40, com 20%; revólver calibre 32, em 13%; garruchas calibre 38 a calibre 32, ambas com 7%. Esse tipo de arma é semelhante ao revólver e também à pistola, e tem o cano curto como uma de suas características.

No total, 80% das armas tinham o uso permitido por civis, cenário que mudou a partir da assinatura pelo então presidente Jair Bolsonaro de quatro decretos que flexibilizaram o uso e a compra de armas de fogo no País. Das três pistolas ponto 40 que tinham uso restrito, duas eram de familiares que atuavam nas forças de segurança e uma delas era registrada por um usuário CAC (Colecionador, Atirador e Caçador).

O instituto revela que em pelo menos duas ocorrências envolvendo armas de fogo, há relatos de que o pai do criminoso tinha ensinado a atirar, mesmo o atirador sendo menor de idade, conforme explica o Sou da Paz.

Os agressores já tinham as armas nas mãos em seis de cada dez casos de ataques às escolas, já que os artefatos possuíam a familiares que moravam no mesmo imóvel que os criminosos. Em outros casos, as armas eram de agentes de segurança em 40% deles, ou foram roubadas do dono e vendidas diretamente pelo proprietário ou revendidas no mercado paralelo em 20% das ocorrências.

“O estudo mostra que a disponibilidade de armas em residências favorece esse tipo de crime e aumenta a letalidade, colocando em evidência o quão crucial é o controle do acesso às armas para redução da letalidade destes eventos, já que outros tipos de ferimentos com armas brancas e armas de pressão são menos graves e têm mais chances de defesa, socorro e recuperação da vítima“, disse ao portal do Sou da Paz Carolina Ricardo, diretora-executiva do instituto. 

Em relação ao gênero dos agressores, o levantamento mostra que em todas as ocorrências os responsáveis eram homens ou garotos. Já sobre o perfil dos autores dos atentados, 88% dos casos foram executados por uma pessoa sozinha, com média de 16 anos de idade, aluno ou ex-estudante do estabelecimento atacado, e em 20 casos o ataque havia sido planejado há semanas ou meses. Por fim, pessoas com quem os agressores tinham algum relacionamento eram os alvos em 59% dos casos.

LOCAIS DOS ATAQUES

O estudo ainda mostra que 13 Estados registraram ataques. Somente em São Paulo foram mais de dois. Na análise por cidades, o Rio de Janeiro teve mais de um caso. Por regiões, o Sudeste aparece no topo desse ranking, seguido por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.

Foram registradas cinco ocorrências somente nos primeiros quatro meses de 2022, três deles na mesma semana de abril. Dois dos três ataques com maior número de vítimas ocorreram entre 2019 e 2022, o mesmo período em que se iniciou a flexibilização do acesso às armas promovida pelo governo anterior.

“Um quarto de todos os ataques ocorreu nos meses de abril, o que aponta um diálogo dos autores com casos de grande repercussão cultuados em grupos de extrema-direita, já que os massacres de Columbine, nos Estados Unidos, e do Realengo, no Rio de Janeiro, ocorreram em abril”, informa trecho do estudo do Sou da Paz.

RECOMENDAÇÕES

Abaixo, recomendações listadas pelo instituto para tentar evitar novos ataques:

– Corresponsabilização de plataformas digitais.

– Criação de equipes policiais treinadas em monitoramento de redes sociais com capacidade de realização de análise de risco, para triagem e atuação preventiva.

– Fortalecimento da ronda escolar, fortalecimento de vínculos entre a direção da escola e batalhões locais.

– Treinamento e estabelecimento de protocolo de ação para que policiais militares possam responder a estes eventos de modo a eliminar a ameaça mais rapidamente possível, preparar socorro e evacuação das vítimas.

– Estabelecimento de programas específicos para a saúde mental dos estudantes e de mediação e justiça restaurativa nas escolas para lidar com conflitos e bullying, que devem ser conduzidos por profissionais dedicados a esta atividade, sem sobrecarregar professores com mais estas atribuições.

– Treinamento de professores e funcionários para que consigam identificar comportamentos que precisam despertar ações da comunidade escolar.

– Criar ações para instruir as pessoas a evitarem repassar boatos e mensagens sem procedência identificada, para evitar pânico.

– Endurecimento do controle e fiscalização da compra de armas de fogo e munições para restringir o acesso a instrumentos mais letais por parte dos agressores.

– Rever facilitações dadas para permissão de adolescentes (a partir de 14 anos) a clubes de tiro, ainda que acompanhados de um responsável.

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