Uma triste e conhecida realidade do país: em 2023, quase 35 milhões de pessoas no Brasil ainda vivem sem acesso à água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta e ao tratamento do esgoto. Junto a esses dados, um novo estudo, conduzido pela EX Ante Consultoria Econômica e Instituto Trata Brasil, em parceria com a BRK Ambiental e apoio da Rede Brasil do Pacto Global, o impacto negativo da falta de saneamento na vida das mulheres brasileiras ainda é latente. Segundo o estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira 2022”, uma em cada quatro mulheres não são abastecidas com água tratada com regularidade, além de 41,4 milhões ainda residirem em casas sem coleta de esgoto.
Nesta segunda edição do estudo, ainda foi realizada uma análise sobre como a falta de saneamento básico impulsiona a pobreza menstrual. O relatório também reforça que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta de esgoto poderá tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza.
Esses números escancaram as consequências e o impacto negativo da falta de saneamento básico na vida dos brasileiros, em especial das mulheres, e aprofundam ainda mais o abismo que é a desigualdade de gênero no país, deixando evidente que a mulher é certamente a maior excluída quando o assunto é o saneamento básico.
O cenário fica ainda mais sem sentido quando passamos a constatar que é a mulher, na maioria das vezes, a protagonista nos cuidados e asseios da família e do lar.

O estudo reforça que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto pode tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Além disso, o levantamento dá visibilidade para questões a respeito do impacto na saúde e aponta que, segundo informações da base de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), houve 273.224 internações em razão de doenças de veiculação hídrica nos hospitais da rede do SUS em 2019. Do total de pessoas internadas, 141.011 (51,6% do total) eram mulheres e 132.213 eram homens (48,4% do total).